sábado, 6 de dezembro de 2008

Brilha, Santa Catarina

A entrevista a seguir foi retirada do Jornal de Santa Catarina, de 06 e 07/12.

BRILHA, SANTA CATARINA

“Não queremos dar só um teto”

ENTREVISTA: WALFREDO BALISTIERI, SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO URBANO DE BLUMENAU

No comando da Secretaria de Planejamento Urbano de Blumenau, o secretário Walfredo Balistieri tem à frente o desafio de encontrar soluções urgentes e viáveis, mas acima de tudo, seguras, para as mais de 4 mil pessoas que encontram-se sem suas casas, nos abrigos da cidade. Semana que vem, a secretaria deve apresentar o estudo das regiões aptas a receber conjuntos habitacionais, e algumas das alternativas para alojar a população atingida pela chuva, inclusive aquela que, mesmo sem estar em abrigos, não pode voltar para casa.

Jornal de Santa Catarina - Qual o caminho a seguir para a reconstrução de Blumenau?

Walfredo Balistieri - Nós temos o nosso norte traçado, que é o Projeto Blumenau 2050, e vamos segui-lo. Lá temos dois eixos que se aplicam à atual situação e devem ser considerados. O primeiro é o que fala de transporte e sistema viário, já que agora temos de pensar não só em limpar e desobstruir ruas, mas também procurar trabalhar para minimizar a ocorrência de deslizamentos nas vias urbanas. O outro eixo é o que diz respeito à parte de regularização fundiária e habitação. Não é porque estamos em uma situação de dificuldades que podemos esquecer de planejar ou nos darmos ao luxo de não planejar.

Santa - Como levar adiante a questão mais urgente, das moradias para as famílias atingidas pelas chuvas?

Balistieri - Não queremos dar somente um teto para elas, e sim fazer uma inclusão social. É hora de pensar no todo. É isso que as pessoas têm de entender. Não adianta levantarmos a primeira casa e depois constatarmos que criamos um problema social, como a criação de guetos. É preciso saber o perfil de cada família. Não podemos instalar as pessoas de qualquer maneira, sem saber das necessidades delas e como elas viviam antes.

Santa - O que será observado para fazer a remoção das famílias para a nova moradia?

Balistieri - Ao mapearmos as regiões que podem servir para a construção das casas, precisamos verificar a infra-estrutura do local. Temos que ver se há creches e escolas por perto, transporte coletivo e espaços de lazer. Às vezes, apesar do terreno ser apto para receber uma moradia, não vale a pena construir nele porque teríamos que erguer também essa outra estrutura. Também não se pode tirar uma pessoa que morava na região Norte e levar para o Sul. Afinal, ela tinha vínculos onde morava, sejam familiares ou profissionais. Se fizermos isso, com o tempo elas voltam para a região onde estavam antes e se instalam em locais inapropriados. O mesmo acontece com pessoas que sempre moraram em casas e são relocadas para condomínios. Elas podem não se adaptar.

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