quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um blumenauense na Google

Veja o que Felipe Albrecht, que participou do internship na companhia, conta da experiência. Matéria publicada no portal Noticenter.

Imagine que você está lendo esta reportagem e, de repente, por e-mail, você recebe um convite da Google para trabalhar na companhia. Depois de uma troca de mensagens, decide participar de um processo seletivo que selecionará profissionais do mundo todo para um internship – uma espécie de estágio - dentro da companhia. Parece impossível? Mas foi exatamente assim que Felipe Albrecht, formado em Ciências da Computação na Universidade Regional de Blumenau (Furb) e hoje Mestre em Sistemas e Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), começou o processo que o levou aos quatro meses trabalhando dentro da Google.

Antes da mudança oficial para a Alemanha, onde trabalha como desenvolvedor na Karlsruhe Tecnology Consulting (www.k-tc.de), Felipe conversou com o Noticenter. Veja o que ele destaca como diferenciais competitivos de uma das maiores empresas do mundo.

PROCESSO SELETIVO

Felipe estava cursando o Mestrado quando recebeu o e-mail descrito acima. Dois dias depois do recebimento da mensagem, Felipe retornou à companhia e iniciou-se o processo seletivo. Onde houve uma análise do currículo, tanto acadêmico quanto profissional e depois dela, marcou-se a primeira entrevista, com um espacialista de RH. Uma semana depois, houve outra conversa, desta vez com o profissional com que ele iria trabalhar. Ele comenta que a chamada de cerca de uma hora o colocou em contato direto com um membro da equipe de Análise de Fraudes (onde ele estagiou) e com uma espécie de mentor, que é quem acompanha diretamente o dia-a-dia dos interns, nome dado aos estagiários.

Depois de acertados os detalhes, Felipe embarcou no dia 14 de junho de 2008 para Mountain View, na Califórnia. Onde trabalhou durante quatro meses dentro do GooglePlex.

Sobre o apoio recebido pela empresa, ele comenta que “não dizem onde você vai morar. Apenas indicam alguns locais e pessoas. A mesma coisa para a ida. Há uma ajuda de custo e eles auxiliam com informações”.

O AMBIENTE, A ROTINA E, CLARO, A COBRANÇA

São muitos mitos sobre o dia-a-dia de um funcionário da Google. A grande maioria deles procede. “Sim, há um quarto com sofás ao lado do escritório acessível a todos a qualquer hora. Há vídeo-games também, para quem quiser jogar. Os restaurantes são ótimos e se tem uma liberdade de horários extrema – geralmente há pessoas trabalhando nas madrugadas quando se está desconcentrado durante o dia”, conta Felipe, prontamente.

O que muita gente não sabe é que o acompanhamento dos projetos é rígido e exige dedicação. “Quando eu entrei, tinha um objetivo traçado dentro do setor. O acompanhamento dele é feito com os dois profissionais diretamente responsáveis pelo meu trabalho: o mentor e o líder do setor, com quem eu me reunia semanalmente para tratar dos cronogramas e apresentar o que foi realizado”, afirma Felipe, que diz que, muitos profissionais, quando percebem que não estão atingindo as metas, trabalham várias horas a mais por dia e até nos fins de semana.

O estímulo a inovação também é constante dentro da Google. “Há sempre muitas idéias sendo comentadas, muitas novas funcionalidades sendo debatidas. Quando a empresa aposta em uma destas idéias, geralmente dá todo o aporte para que ela seja executada dentro da sua estrutura”, comenta o desenvolvedor.

Entre os benefícios para os funcionários estão a alimentação (que não é cobrada dentro do complexo e dos restaurantes da Google nem do funcionário, nem de um convidado que ele eventualmente leve) e o transporte. Há ainda festas, passeios, cursos dentro da Google, apresentações sobre novidades tecnológicas e computadores de ótima qualidade, porém, o grande diferencial da Google, segundo Felipe, é a liberdade de trabalho.

SOLUÇÕES GLOBAIS, AMBIENTE GLOBAL

Umas das principais marcas da Google, segundo Felipe, é o convívio com pessoas de diferentes nacionalidades dentro de uma mesma empresa. “Eu convivi diretamente com indianos, russos, chineses, norte-americanos, autralianos, búlgaros e canadenses. Mas dentro do edifício circulavam pessoas de mais de 20 nacionalidades”, comenta ele. “O respeito entre essas pessoas é impressionante. O conhecimento e a vivência de cada uma delas acabam colaborando para os projetos”, complementa ele.

Não é só entre as pessoas o respeito às diferenças é grande. A companhia também oferece opções que demonstram o cuidado com a cultura dos colaboradores. “Os restaurantes são exemplos disso. Há várias opções para vegetarianos, ao lado dos tradicionais fast-foods ou de restaurantes self-service”, comenta Felipe.

ACESSO A INFORMAÇÕES E ÀS PESSOAS

Outra coisa que chamou a atenção de Felipe foi a facilidade de contato com informações e profissionais especialistas dentro da Google. Ele exemplifica: “há anos, quando eu mantinha um blog de informações sobre tecnologia, postei um texto de um especialista chamado Peter Norvig. Ele é diretor de pesquisa da Google. Num dos dias que eu estive por lá, liguei para a secretária dele e agendamos um almoço. Conversamos por mais de uma hora e as dicas dele foram muito importantes para a minha dissertação de mestrado”.

Este tipo de acesso é mantido por toda a estrutura dentro da empresa. “Todas as sextas-feiras, dentro da empresa, é realizado um evento que se chama TGTF – Thanks God, Today is Friday. De quinze em quinze dias, dentro do programa do evento, um dos fundadores ou diretores da empresa respondem perguntas dos colaboradores. Num diálogo aberto, tranqüilo. Enquanto eu estive lá, ouvi desde perguntas interessantes sobre tecnologia e sobre a história da empresa até questões relacionadas a rotina dentro do Googleplex. Todos os questionamentos foram respondidos”, lembra Felipe.

Quanto às informações e as novidades que serão lançadas ou estão sendo estudadas pela Google, Felipe diz que há um certo cuidado nas divulgações, mas não há segredo. Na época em que participou do programa de internship, estava previsto o lançamento do Google Chrome. Todos sabiam, mas ninguém comentava. “A liberdade que se tem é valorizada”.

Ele comenta também que este tipo de ação é que valoriza a empresa junto aos funcionários. “Somado ao ambiente de trabalho e aos estímulos constantes para inovações, esta liberdade e acessibilidade dentro da Google faz a diferença”, afirma o blumenauense, que complementa dizendo que os salários da companhia não são mais altos do que os da Microsoft, mas muitos profissionais preferem trabalhar na Google por causa do ambiente de trabalho.

Para entrar em contato com Felipe Albrecht, www.pih.bio.br.

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