sábado, 11 de abril de 2009

Terremoto na Itália: Vidas sob os escombros

Enquanto corpos são enterrados em funeral coletivo, histórias de sobrevivência se sobressaem.

LAQUILA - Caminhar pelo Centro da cidade, a mais devastada pelo terremoto que atingiu a Itália há cerca de uma semana, é como caminhar entre fantasmas. Não se ouve vozes, pois a área foi isolada pela polícia. Uma cama com o lençol desarrumado. Portas e janelas escancaradas. Panelas no forno. Estes recortes de intimidade estão agora expostos à rua. O destino de quase 300 integrantes das famílias donas destas moradias já é sabido. O funeral coletivo sexta-feira homenageou os mortos e comoveu o país. Os italianos trocaram a permanente euforia pelo silêncio e consternação.

Outras 1,5 mil vítimas foram levadas a hospitais da região – o hospital local também não resistiu aos tremores. A maior parte daquelas famílias abandonaram as casas em questão de segundos para escapar da morte. No entanto, ainda vaga pelos arredores com a roupa do corpo, em casas de amigos ou nas tendópoles, comunidades de barracas montadas pelo governo. Muitas se aglomeram nas entradas do isolamento, para tentar voltar aos escombros e buscar pertences.

Numa dessas entradas, uma cena ocorrida na tarde de quinta-feira ilustra o clima de tensão. Dirigindo uma moto, um homem desesperado desviou dos policiais e furou a barreira. Antes que a polícia pudesse reagir, outro popular que aguardava a vez saiu em disparada e, correndo, alcançou a moto. Derrubou o motorista com um golpe certeiro. No chão, machucado, o invasor gritava que só queria chegar à casa.

Os sentimentos são paradoxais, de alívio misturado com dor, de sentir-se sortudo e ao mesmo tempo completamente azarado, como se sentem os irmãos Carla e Gabriel Giuliani, 39 e 40 anos. Como muitos laquilenses, estão vivendo provisoriamente em casas afastadas do Centro. O terremoto reuniu novamente os Giuliani. Os filhos crescidos e os pais idosos, além dos netos, todos seguiam suas vidas em rumos diferentes. Acabaram indo viver juntos, nesta semana, em uma casa emprestada.

Família é salva pela cadela de estimação

O pedreiro Vicenzo Breglia, 40 anos, foi salvo por um sinal da cadela Shaula, um pastor alemão de sete meses. Uns 20 minutos antes do terremoto, o cão latia sem parar. Vicenzo começou a arrumar as coisas. Só deu tempo de fugir com a mulher e filha quando tudo começou. A heroína, no entanto, acabou se perdendo durante a fuga. Depois de três dias, o pedreiro resolveu retornar aos escombros da casa. Encontrou Shaula viva na garagem, faminta e com sede. Recuperada, a cadela agora é famosa no acampamento em que a família está abrigada.

Fonte: ClicRBS

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