quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Metropolitano, o patinho feio do estado ?

Publico na íntegra mensagem enviada por Sandro Glatz (Metropolitano) para o editor executivo do Santa, Fabrício Cardoso, em seu Blog.

Caro Fabrício,
Já nem sei mais se concordo ou discordo (sobre o financiamento público dos clubes de futebol), pois é um assunto polêmico. Mas várias coisas me incomodam nesse assunto. Deveríamos ter uma padronização nacional para a aplicação do dinheiro público no esporte. Todo clube merece ser tratado da mesma forma, não pode uma cidade fazer A, outra B. Seria como um irmão ganhar uma bicicleta no Natal e o outro não ganhar nada e ainda entregar parte do seu salário para ajudar em casa. Essa falta de critérios torna tudo proibido e criticado em Blumenau, enquanto outras cidades andam e fazem as coisas acontecerem.

Exemplos:
- O JEC, além de não pagar nada, nem sequer banca a luz da Arena. E ainda usa parte do estádio como sede administrativa;
- Avaí reforma a Ressacada, amplia, com dinheiro público;
- Criciúma fez a cobertura do seu estádio, construiu o seu CT com dinheiro público;
- Figueirense, fora o terreno do CT que é um comodato de uma associação de torcedores, fez todas benfeitorias do CT, reformou o gramado do estádio, construiu novos alambrados, colocou cadeiras, tudo com dinheiro público;
- Chapecoense já tem aprovado no orçamento da prefeitura para esse ano mais R$ 800 mil, grande parte destinada às categorias de base. Também não paga aluguel do estádio, e nunca pagaram, independente de partido político.
Some a isso o auxílio dos governantes dessas cidades na captação de patrocinadores para os clubes.

Ora, se podemos isentar impostos de várias empresas como forma de incentivo para se estabelecer em Blumenau e gerar empregos, por que não auxiliar de alguma forma o clube da cidade que gera mais de 70 empregos diretos (atletas profissionais, Sub-20, Sub-17, comissões técnicas e funcionários) e outros tantos indiretos?
Um clube de futebol divulga o nome da cidade de uma forma difícil de ser calculada, tira crianças da rua, como tem o Metropolitano os seus núcleos, projeto esse meramente de cunho social, bancado integralmente pelo clube, sem nenhum apoio.

Por que todos podem e aqui o futebol não pode? Digo o futebol, pois é o enfoque do tema aqui, mas vejo que o problema é o esporte em geral em Blumenau. Não somos campeões de NADA que seja nacionalmente relevante. Alguns esportes, embora mereçam respeito, não têm público nenhum. Blumenau deixou de ser referência em tudo no esporte, restando apenas os excelentes trabalhos de base realizados. Mas isso com sacrifício de todos treinadores dessas modalidades, vários abnegados, e também pelo talento natural de nossa gente.

Confesso que não sei mais o que é correto, tanto do ponto de vista moral quanto legal. Só sei que estamos tendo um tratamento diferente das outras cidades, tendo que pagar por tudo que usamos e com preços incompatíveis com nossa realidade. Fica muito difícil, diria até impossível, crescer perante um cenário desses. Somente para que entendas, Fabrício, temos de pagar:

- R$ 5,5 mil de aluguel em jogos diurnos e R$ 7,5 mil nos noturnos; (No meu entendimento, se o Sesi recebe dinheiro público para benfeitorias, e é feito para o lazer do trabalhador, poderia aliviar esse valor e cobrar apenas uma taxa de limpeza, para nos ajudar a crescer e, no futuro, quando porventura estivermos numa Série B, ganhar um aluguel melhor)
- Entre R$ 5 mil e R$ 6 mil de aluguel de arquibancada metálica;
- Fora isso, some as locações de banheiros móveis (a cerca de 60 centímetros que a PM exigiu para abrir os portões domingo custaram R$ 700, e foi totalmente desnecessária, uma vez que só tínhamos duas modalidades de ingresso, ou cadeiras ou arquibancada. Logo, quem não foi para as cadeiras teria acesso as arquibancadas) e serviço de segurança
- Nosso custo fixo por jogo fica entre R$ 20 mil e R$ 25 mil, contra no máximo R$ 5 mil dos demais.

Pondero que o Sesi não é o vilão (se é que tem algum) nessa história e somos muito gratos por ter o complexo esportivo para atuar. Tanto que o engajamento de todos no Sesi para recuperar o campo a tempo da estreia contra o Juventus é digno de reconhecimento.

A Casa do Comércio, o Teatro Carlos Gomes e tantas outras entidades receberam dinheiro público que me deixam dúvidas se realmente o futebol e o esporte como um todo não deveriam ter um tratamento não melhor, mas igual ao que recebem nas outras cidades.

Pelo menos para não sermos o patinho feio do Estado, ou o irmão que não era para ter nascido e que hoje é tratado de forma diferente pelos pais. Se você procurar a fundo, verá que até associação de criadores de curiós recebem dinheiro do Fundesporte e outras aberrações, como pescarias no Mato Grosso etc.

Portanto, que sejam construídas as casas aos desabrigados, consertadas nossas ruas, cuidado nossos enfermos, mas também que seja fornecido lazer e esporte à comunidade. Caso contrário, veremos em breve Witmarsum com algum ginásio para 10 mil lugares, Indaial com uma arena de 15 mil para o XV de Outubro e o Navegantes EC com um CT de cinco campos.

E nós, blumenauenses, teremos de jogar competições de handebol na Arena de Brusque, Voleibol em Pomerode e o futebol estará extinto, pois aqui não temos os mesmos direitos ou benefícios que outras cidades, nem tampouco apoio e força política.

Abraço
Sandro César Glatz Wienhage

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