Figueira centenária, testemunha de movimentos sociais em Blumenau, foi retirada da Praça Victor Konder sábado, mas ainda não se sabe o que será feito no local
A Praça Victor Konder perdeu verde, sombra e história no fim de semana. Será preciso acostumar-se ao cenário árido e amplo em que se transformou a praça da figueira sem a figueira. Foram meses de incerteza entre o fim ou a permanência da árvore no local que informalmente ganhou seu nome. A história da planta centenária terminou sábado, quando folhas, galhos, tronco e todo o ecossistema que vivia nela foram retirados da área.
A esperança de que o nome do lugar continue a fazer sentido está no broto da velha figueira, descoberto em novembro do ano passado. Crescendo a cerca de 20 metros de onde estava plantada a antiga árvore, o novo caule saudável foi mantido – a limpeza do “herdeiro” foi a primeira medida tomada sexta-feira, quando o trabalho de retirada começou.
A remoção da árvore durou dois dias e foi executada por funcionários da Diretoria de Serviços Urbanos e da Fundação Municipal de Meio Ambiente (Faema), que precisaram de uma motosserra e um guindaste para o serviço. De acordo com o diretor de Serviços Urbanos, Valdecir Dutra, o próximo passo é decidir se a raiz será ou não retirada. Segundo ele, isso deve ser definido assim que souberem o que será feito no local.
– Por enquanto não se sabe o que vai ser feito ali. Dependendo do que for, faz-se a calçada e nem precisa arrancar a raiz, porque ela apodrece. Mas se for preciso tirar, aí é uma operação muito maior – explica Dutra.
O presidente da Faema, Robson Tomasoni, afirma que o futuro da área ainda não está definido e deve entrar logo na pauta de discussão da prefeitura.
Doença foi constatada no ano passado
Em maio do ano passado, a figueira foi diagnosticada doente, atingida por um cancro que colocava em risco os galhos da planta e, consequentemente, os frequentadores do local. Este primeiro diagnóstico foi feito pelo engenheiro florestal Marcelo Diniz Vitorino, a pedido do Santa. Desde junho de 2009, a Faema buscou tentativas de reanimá-la, mas em outubro foi decretada a morte da árvore. Há duas semanas a área estava isolada. (colaborou Isabela Kiesel)
Por Mariana Furlan, no SANTA
Figueira histórica
- A figueira foi plantada pelo engenheiro e arquiteto alemão Heinrich Krohberger, que chegou a Blumenau em 1858
- A espécie é originária da Malásia e Índia e chega a durar até 400 anos
- O primeiro projeto da atual prefeitura não previa espaço para a já frondosa e centenária figueira, em 1981. Para preservá-la, o plano foi alterado e a sede do Executivo foi erguida ao lado da árvore
- Pela localização estratégica, sob a árvore já ocorreram inúmeros movimentos sociais, manifestações e reivindicações, principalmente de servidores públicos
- A figueira foi a base de concentração da greve mais longa da cidade – em 2003, servidores públicos pararam durante 31 dias
- Entrevistada pelo Santa, a historiadora Sueli Petry definiu o papel simbólico que a árvore exerceu na política blumenauense, em reportagem publicada em dezembro de 2007:
– Foi debaixo da figueira que os blumenauenses aprenderam a usar a liberdade de expressão.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Praça da "antiga" figueira.
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