quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sulfabril aguarda interessados

Empresa blumenauense acelera passos que antecedem a venda para garantir pagamento aos 2,3 mil trabalhadores

BLUMENAU - Com a negativa da Justiça à empresa que pretendia assumir a Sulfabril, trabalhadores, a administração da massa falida e o Judiciário retomam os trâmites para a busca de interessados no negócio. O próximo passo será a apresentação do quadro geral de credores. Ele servirá para identificar quem tem a receber da massa falida e quanto. A partir daí, a intenção é encontrar investidores interessados nos bens ou na empresa inteira.

A proposta da TKR Participações para tentar levantar a falência da Sulfabril foi negada pela juíza da 1ª Vara Cível de Blumenau, Quitéria Tamanini Vieira Peres. A TKR ainda pode recorrer ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina contra a decisão. O principal argumento para indeferir o pedido foi que a TKR não comprovou ter capacidade econômico-financeira para assumir o negócio e, principalmente, pagar as dívidas trabalhistas da Sulfabril, estimadas em R$ 23 milhões.

Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Têxteis de Blumenau, Vivian Bertoldi, a atitude da juíza foi correta, pois quem assumir a indústria precisa provar a capacidade de pagamento aos 2,3 mil trabalhadores que não receberam os direitos trabalhistas à época da falência, há quase 11 anos. Pelas conversas com empresários do ramo, Vivian acredita que haverá outros interessados.

– Ela visitou todas as empresas e fez uma análise criteriosa das proposta da TKR. Não adianta vender a empresa de qualquer jeito e ter o dobro de problemas depois – acredita Vivian.

O síndico da Sulfabril, Celso Zipf, afirma que, mesmo com a decisão, a empresa continua em funcionamento normalmente. No ano passado, a Sulfabril teve faturamento de R$ 83 milhões. Para 2010, a expectativa é que o faturamento chegue a R$ 90 milhões. O advogado da TKR foi procurado pela reportagem, mas não retornou as ligações até o fechamento desta edição.

Uma década de falência

- 1999: A falência da Sulfabril é declarada em 17 de setembro.
- 2002: A venda dos bens da empresa é autorizada em fevereiro pela primeira vez. Em março, instaura-se inquérito judicial para apurar a prática de eventuais crimes.
- 2003: O Tribunal de Justiça (TJ) cassa a sentença que autorizava a venda dos bens em razão de o falido não ter sido ouvido. A promotora de Justiça Monika Pabst oferece denúncia contra o sócio Gerhard Horst Fritzche por supostos crimes falimentares na Sulfabril.
- 2004: Em marco, é autorizada a venda antecipada dos bens.
- 2005: Em agosto, Fritzche é condenado por crimes falimentares em primeira instância. Em outubro, reverte a venda antecipada no STJ.
- 2006: Em março, pedido de venda das unidades de Rio do Sul e Gaspar é confirmado em segunda instância.
- 2007: O TJ anula a sentença de 2005, que havia condenado Fritzche por crimes falimentares, considerados prescritos. É autorizado aluguel da unidade de Gaspar.
- 2008: A empresa TKR pede convocação de assembleia de credores, pretendendo assumir as dívidas. O Ministério Público solicita documentos que comprovem a capacidade financeira.
- 2009: Para aumentar o capital e capacidade de compra da Sulfabril, o grupo TKR faz sociedade com a empresa Vitorian Compra e Venda de Bens S/A, de Curitiba. Apresenta proposta para pagar os créditos trabalhistas ao Sintrafite.
- Março 2010: Justiça indefere a proposta da TKR por entender que a empresa não tem capacidade financeira de assumir a Sulfabril e quitar as dívidas trabalhistas.

Fonte: Santa

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