quinta-feira, 21 de maio de 2009

Fundação Cultural lembra os 112 anos de falecimento de Fritz Müller

A Fundação Cultural de Blumenau faz uma homenagem, nesta quinta-feira, dia 21, ao naturalista Fritz Müller, lembrando os seus 112 anos de falecimento. No Cemitério Evangélico Centro será feita a colocação de uma coroa de flores sobre o túmulo de Fritz Muller, ao som de um dueto da Banda Municipal, que vai tocar músicas clássicas.

A bisneta de Fritz Müller, Tula Mayer, vai ler dois poemas do homenageado, em alemão, e dois alunos da Escola de Educação Básica Júlia Lopes de Almeida vão ler as mesmas poesias, traduzidas para o português. Em seguida a Fundação Cultural lembra sobre a vida e obra de Fritz Müller. A homenagem está marcada para às 9 horas.

Fritz Müller
Nascido em 31 de março de 1822, na distante Windischholzhausen, próximo a Erfurt, na Alemanha, Fritz Müller foi uma figura de vida marcante. Suas contribuições científicas revolucionaram o pensamento biológico do século XIX a tal ponto, que pode-se afirmar que a biologia mudou seus parâmetros para antes e depois de Müller. Filho de pastor protestante, voltou-se como pensador livre, “... para ele Deus era a natureza. Só esta criava e transformava todas as coisas, a matéria e o pensamento, interdependentes e inseparáveis.”

Doutor em Filosofia, matriculou-se no curso de medicina, porém, a carreira de médico não o fascinava. Empolgava-se com a botânica e a zoologia. O seu lado artístico revelou-se nos desenhos que fazia para ilustrar os resultados dos seus trabalhos sobre a flora e a fauna. Cioso das suas convicções políticas, e por achar que as diretrizes implantadas pelo governo prussiano não condiziam com os seus princípios éticos e morais, sentindo-se tolhido em seus ideais democráticos diante da intolerância política e religiosa da época, Fritz Müller decidiu emigrar.

Em agosto de 1852 chegou à Colônia Blumenau juntamente com seu irmão, August, e suas respectivas esposas e a filha Anna. Como colono, Müller dedicou-se à lavoura. Apesar da dureza da vida na roça, sentia-se feliz. Foi um pioneiro do processo colonizador no Vale do Itajaí.

O Doutor Blumenau, no entanto, considerava um disperdício de talento a vida de Fritz Müller na colônia. Na realidade, a preocupação do Diretor da Colônia estava na influência que Müller poderia representar aos seus colonos em relação aos seus conceitos espirituais. Através da sugestão do Dr. Blumenau, Fritz Müller recebeu o convite para ocupar o cargo de professor no Liceu Provincial no Desterro. Foi lá que teve oportunidade de estudar a fauna marinha que tanto o fascinava.

Também em Desterro realizou seus estudos com crustáceos e moluscos do litoral, contribuindo para reforçar as teorias evolucionistas das espécies pelo processo de seleção natural, defendidos por Charles Darwin. Do contato com “Origem das Espécies” nasceu a obra “Für Darwin” e uma sólida amizade. Os desmandos políticos da época colocaram seu cargo de professor à disposição, e em 1867, volta com a família a Blumenau.

A retomada ao árduo trabalho da terra não o impediu de realizar pesquisas e experiências com plantas. No ano de 1870 foi nomeado naturalista viajante do Museu Nacional e pôde dedicar-se exclusivamente à pesquisa. Sua perseverança e temperamento forte fizeram dele um homem admirável. A riqueza de seu conhecimento e a seriedade das suas pesquisas o tornaram colaborador de grandes nomes da ciência naturalista como Darwin, Agassiz, Häckel e outros.

Por recusar-se a acatar a imposição de que os naturalistas viajantes deveriam residir no Rio de Janeiro, no ano de 1891 Fritz Müller foi demitido do seu posto. O mundo científico protestou. No cotidiano colonial ocupou o cargo de Juiz de Paz, colaborou com suas experiências e orientações junto ao Culturverein. E envolveu-se politicamente, defendendo suas convicções e senso de justiça. Foi um defensor da monarquia brasileira por julgá-la liberal, apesar de ser na Europa um contestador do regime. Tornou-se simpatizante do movimento Federalista e foi nomeado Superintendente de Blumenau. O seu temperamento não era compatível ao exercício do poder, sua gestão foi efêmera.

Pai de nove filhas, a vida de Müller fora marcada pela perda da filha Rosa, na qual depositara a esperança de ser a continuadora de seu trabalho. Também o falecimento da esposa abriu um vazio que lhe tirou o entusiasmo. Na retomada à pesquisa nos anos 90, voltou-se à observação e experiência com as bromélias. Para auxiliá-lo nesse trabalho, contava com a ajuda dos netos Hans e Fritz Lorenz.

No entanto, por insistência da família, em abril de 1997 Fritz Müller mudou-se para a residência de sua filha Ana Brockes. Longe do seu jardim, com o qual havia convivido durante 30 anos, Fritz Müller se sentia doente. Aos poucos foi perdendo as forças, no entanto, ainda se preocupava com as bromélias. Faleceu em 21 de maio de 1897.

Repórter: Marilí Martendal (Prefeitura de Blumenau)

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