terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Por que é tão difícil preservar?

Vi no Santa, gostei e divido com vocês.

Donos de imóveis históricos como o casarão 35 da Rua Itajaí reclamam que faltam especialistas e incentivos do poder público para restaurar casarões

BLUMENAU - À mercê da ação do tempo e dependentes da boa-vontade dos proprietários, imóveis erguidos na prosperidade do Século 19 agonizam. Alto custo de materiais, falta de especialistas e de incentivos financeiros são as justificativas para a inércia de donos e do poder público. No número 35 da Rua Itajaí está o casarão construído em 1886, tombado pelo Estado. Nele, há três anos obras de restauro buscam recuperar toda a estrutura da casa. Administrado atualmente pela Rieschbieter Engenharia Indústria e Comércio, o imóvel já recebeu o investimento de R$ 1 milhão quase o dobro do valor pelo qual foi adquirido. Programada para ser concluída em 2009, a reforma atrasou devido ao comprometimento da estrutura do imóvel.

– Só o telhado tivemos de refazer três vezes, porque a estrutura cedeu. São imprevistos que precisam ser contornados com paciência – conta Carlos Rieschbieter, um dos proprietários da casa.

Para ele, apesar de o restauro ser oneroso, todo o investimento foi válido porque o imóvel pertenceu a seu avô, Walther Schmitd.

Comprometida, a construção em estilo enxaimel, combinado à alvenaria maciça, teve de ser totalmente restaurada. O telhado foi refeito, os pisos recuperados e os ornamentos da fachada foram reconstituídos. Apesar de atrasado pelo menos um ano, o restauro do casarão é um fato à parte no município. Ao todo, em Blumenau, são 96 construções tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artítisco Nacional (Iphan), Fundação Catarinense de Cultura e pelo poder público municipal. Desses, menos de 10 foram restaurados nos últimos cinco anos, segundo a diretora de Planejamento Urbano do Município, Vera Regina Krummenauer. O motivo da falta de manutenção: desinteresse dos proprietários e falta de fiscalização.

A maior parte dos imóveis – 60 deles – foi tombada pelo Estado e a prefeitura não pode notificá-los porque depende da intervenção do governo estadual.

Falta de especialistas e incentivos financeiros dificulta restaurações

Saindo do casarão da Rua Itajaí, basta atravessar o início da Rua XV de Novembro, no Centro, para encontrar um cenário antagônico. O antigo Casarão dos Cristais, no número 25, tem sido revitalizado desde 2006, quando parte da estrutura administrativa da Fundação Cultural foi transferida para o local. Ao lado, no entanto, ainda agoniza o casarão 41, antiga residência e sede comercial do casal Louis Hermann e Agnes Sachtlen, construída no final do Século 19. Um patrimônio tombado pelo Estado, cujo proprietário atual a prefeitura de Blumenau ainda não conseguiu notificar.

Arquiteto especializado em restauro de imóveis históricos, Jonathan Marcelo Carvalho é um dos responsáveis pelos projetos de recuperação do Castelinho da Moellmann, casarão da Rua Itajaí e do Clube de Caça e Tiro Concórdia. Um dos únicos especialistas em restauro do Estado, Carvalho conhece bem o comportamento dos proprietários de imóveis históricos:

– A maioria dos donos acha que ter um casarão desses é um problema. Na verdade é a história viva. Mas é preciso reunir condições financeiras para restaurá-los, e nem todos têm – resume.

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