quarta-feira, 6 de maio de 2009

Situação da Cristais Hering se agrava

Justiça decide que trabalhadores devem receber primeiro, caso fábrica não retome a produção

BLUMENAU - O drama da Cristais Hering se acentuou. Sem produzir há dois meses, a indústria corre o risco de ter os bens apreendidos para pagar dívidas com os trabalhadores. Pela primeira vez, ontem, cogitou-se a falência da empresa para que os funcionários recebam o FGTS atrasado. No final da tarde, o juiz federal Guy Vanderley Marcuzzo, que havia ordenado a remoção de bens da empresa como garantia de pagamento de dívidas com o Fisco federal, suspendeu a ação. Parece boa notícia, mas a decisão apenas reconhece outro pedido judicial de arresto dos bens, só que em benefício dos trabalhadores da fábrica.

A administração da Cristais Hering não honrou um acordo com a Justiça Federal, segunda-feira. Deveria ter depositado em juízo R$ 50 mil e ter sinalizado o pagamento em parcelas de R$ 130 milhões ao Fisco. Marcuzzo baseou a suspensão em uma ação da Justiça do Trabalho que passa os bens aos trabalhadores como compensação pelo não-pagamento do FGTS:

– O valor da dívida do FGTS, cerca de R$ 2 milhões, é superior ao valor que seria juntado com o leilão dos materiais que seriam removidos para o Fisco. Não adiantaria muita coisa insistir na remoção.

Segundo o juiz, a cada mês que passa, a dívida de R$ 130 milhões com a União cresce em mais R$ 1 milhão, devido a correções. Desde 1990, a empresa não paga regularmente impostos federais. Há mais de 40 processos de execução fiscal tramitando contra a Hering.

A empresa ainda deve cerca de R$ 200 milhões a fornecedores, Celesc e funcionários. Dos 200 empregados, 130 não recebem desde dezembro. Para o advogado do Sindicato dos Trabalhadores de Vidros e Cristais (Sindcrip), João Carlos Santin, a melhor saída seria decretar a falência da Cristais Hering na tentativa de garantir a rescisão dos contratos de trabalho e o seguro-desemprego:

– Ou decretamos falência, ou montamos outra empresa com esses funcionários. A falência nos parece mais prudente neste momento.

O administrador da Cristais, Alvino Cavaco, resiste à ideia de falência. Ele tenta reverter ações judiciais para que os anunciados investidores, de fato, apareçam:

– Uma saída seria o modelo de massa falida da Sulfabril. Mas tenho receio de que a Justiça não libere – avaliou Cavaco.

Raffael do Prado, para o Jornal de Santa Catarina

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