A Fundação Cultural de Blumenau convida a comunidade para mais uma Noite Multicultural. Nesta quinta-feira, 24, às 19h30min acontece a abertura das seguintes exposições: na Sala Oficial do MAB, Roy Kellermann apresenta Origamis; na Sala Especial, Daniel Uhr exibe Impressões de um sonho; na Galeria Municipal de Arte, Sala Alberto Luz, a exposição Sesc Blumenau de Arte Contemporânea; na Galeria do Papel, Marcus Anciutti apresenta a Arte Sem Regras; na Sala Elke Hering, O Ciclo da Gestalt, por Suzana Sedrez; e na Sala 4 da Fundação, o Sesc apresenta a mostra Pretexto Casulo. Como atração musical, os Seresteiros de Blumenau. A Fundação Cultural fica na Rua Quinze de Novembro, 161, e a visitação às exposições poderá ser feita até 18 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 8 horas ao meio-dia e das 13h30min às 17h30min; sábados, domingos e feriados, das 10 às 16 horas. A entrada é gratuita.
Um Geômetra do Sublime
Roy Kellermann é um homem singular. Sobrevivente da geração hippye, viveu no Uruguay e formou-se em Letras na Furb em Blumenau, onde vive e dedica-se às artes e ao exercício lúdico de fruir a essência da vida com intensidade, seja na liberdade de suas obras e canções, seja na verdade de suas atitudes.
De porte majestoso, sua figura sempre impressionou pelos tonitroantes discursos em praças públicas, eventos culturais e espaços alternativos, onde a tônica é a conscientização pela cultura e liberdade de expressão. Mas a imponente figura nórdica é sempre atenuada pelo seu sorriso de luz, marca registrada deste artista eclético, elétrico, telúrico e terno.
Este professor de inglês e apaixonado por antiguidades é conhecido por sua paixão pela música, onde na qualidade de intérprete vocalista, anima os eventos, saraus e tertúlias em que se faz presente. Artista atuante, canta no Los Roys Jazz Band, expõe obras pela Associação Blumenauense de Artistas Plásticos e publica seus poemas na Sociedade Escritores de Blumenau. Mas é sobre sua produção pictórica que cabe aqui algumas pinceladas.
Sua identidade estilística Neo-Concreta, com elementos do construtivismo, manifesta-se numa regular e contínua produção que já conta com cerca de 400 telas resultantes de mais de 30 anos de trabalho, onde com as técnicas do óleo e acrílico exprime seu universo temático e imprime sua visão de mundo.
A cartela cromática de Roy Kellermann tem como base cores frias e intensas (azuis e verdes que ele empresta da paisagem local), conferindo densidade nas áreas mais amplas de seus quadros. As cores quentes (que ele rouba da silhueta da cidade ao poente) geralmente expressam-se nos motivos geométricos que povoam suas pinturas, sendo que em fases mais recentes, as tonalidades terrosas têm ilustrado as superfícies oníricas de suas obras.
São linhas e ângulos de círculos e quadrados, estruturas de mandalas, pontos de fuga impossíveis, impassíveis, horizontes imaginários, geografia geometrizada, metrificada, e uma coleção de figuras que vão de relógios antigos e balões a palácios estilizados. Em suas estruturas virtuais, o artista brinca com a matemática, desenhando perspectivas e convergências inusitadas onde a profundidade e o volume se mesclam com jogos de luz e sombra, desafiando o observador menos atento.
O expectador apressado talvez aludirá sua obra a do gravurista holandês M. C. Escher e do também holandês Piet Mondrian, ou ainda no mestre húngaro da Op Art e geometria minimalista Victor Vassarely. São referências. Mas há fatores (e faturas) que apontam seu trabalho para uma proposta exclusiva e original traduzida em ícones gráficos lisos e chapados, cuja tridimensionalidade nos causa ilusão de ótica, por se revelarem num plano bidimensional, ou seja, a própria tela.
São ângulos que enganam os olhos, mas sem enganar o olhar. O olhar da retina que captura a harmonia de suas combinações de cores e o equilíbrio de sua diagramação arrojada, marcas indeléveis das composições do artista.
Roy Kellermann engendra inusitados universos paralelos (uns versos para lê-los), arquiteta estruturas imagéticas inverossímeis e abstrata geometria surreal, por vezes fazendo do espaço da tela seu diário de sonhos, sua lúdica faina pessoal e um inebriante cenário de contrastes cromáticos.
É esse diálogo com a realidade através dos gêneros da música, poesia e pintura que torna o artista Roy Kellermann um personagem tão plural, e por isso mesmo, tão singular.
Por Tchello d′Barros
Impressões de Um Sonho, por Daniel Uhr
A exposição Impressões de Um Sonho é a concretização do sonho de um menino que desde os 10 anos desejava criar ilustrações/pinturas para livros, revistas e caixas de kits em escala (Revell). Estes muitas vezes comprados e montados em conjunto com seu pai, cuja influência sobre este tema era forte, já que era chefe de equipe da Varig.
Isto só fez com que se buscasse mais e mais desenvolver seus desenhos, seus sonhos. No início eram simples esboços sobre papel vegetal, passando pelo carvão, gouache, aquarela, óleo, e por último migrou para a pintura digital, adaptando-se assim à nova era. Sempre respaldado pela pesquisa em livros sobre a história, cores, fotos e o que mais fosse relevante, gerando um desenvolvimento grande o bastante para o surgimento do primeiro trabalho e iniciar a realização deste sonho, 30 anos depois.
Sobre o artista
Desenvolveu e desenvolve trabalhos para empresas estrangeiras como Airmodel (Alemanha), Valom (Rep. Tcheca), Anigrand, Trumepeter e Hobby Boss (todas Chinesas), Unicraft (Ucrânia) e High Plane todas fabricantes de kits em escala.
Além destes atua com frequência no mercado editorial onde teve seu trabalho publicado em revistas como a Fluid (Polônia), Aviation History (USA), a revista Força Aérea e a revista Asas (ambas Brasileiras) e em livros de editoras como o da Ian Allan Publishing (Inglaterra) e particulares (Bulgária). Inclusive, é coautor, junto com Cláudio Lamas, do livro Luftwaffe Confidencial - Plataforma para o moderno Design Aeronáutico - Primeiro do gênero na língua portuguesa. Estudou pintura a óleo e aquarela no Senai de Artes Gráficas no Rio de Janeiro, carvão no MAM (Museu de Arte Moderna) - RJ e, além disso, é autodidata nas técnicas de gouache, nanquim e aerografia. Atualmente desenvolve as ilustrações de forma digital através de softwares vetoriais (Corel Draw e Illustrator) e rasters (Photoshop e Painter).
Sesc Blumenau de Arte Contemporânea
A exposição Sesc Blumenau de Arte Contemporânea é o resultado de cinco anos das ações de artes visuais realizados pelo Sesc, dentre as quais podemos citar o Pretexto, o Circuito Sesc de Artes Visuais - maior projeto de arte visuais já realizado no Estado.
Para a exposição que abre nesta quinta-feira, se inscreveram dezesseis artistas, sendo que foram selecionados seis: Ivan Schulze, Bruno Bachmann, Aline Assumpção, Daiana Schartz, Charles Steuck e Maria Salette.
Pretexto Casulo
Nessa mesma noite o Sesc abre sua exposição Pretexto Casulo, resultado de uma oficina desenvolvida com alunos das escolas públicas da cidade, selecionados pelas escolas, oportunizando a teoria e a prática de pintura, escultura, desenho e teoria da arte.
Arte Sem Regras
O tatuador Marcus Vinícius Anciutti tem 25 anos, é natural de Videira e vem aperfeiçoando o trabalho como artista plástico desde 2008 desenvolvendo várias técnicas de pinturas, como estêncil, aerografia, spray e pincel. Desenvolve também um novo suporte para suas pinturas, usando material reciclável como papelão, latas de spray, caixas e shapes de skate usados. Antes de ser tatuador já trabalhava com arte, desenvolvendo desenhos e aerografia (fachada de lojas e painéis).
Participa de vários eventos como o Nosso inverno (evento multicultural) no Teatro Carlos Gomes, Escambau (Rancho do Pastel), Pintura Rádio Comunitária Adenilson Telles (Blumenau), Pintura Vintage Tattoo Custom (Blumenau), Pintura Fine Art`s (Florianópolis). Atelier e estúdio: Vintage Tattoo Custom, Rua Paulo Zimmermann, 238 (47) 8816 5437.
Suzana Sedrez
Suzana Sedrez, nascida em 10/6/56, em Itajaí, iniciou sua experiência com arte em 1982, em Turim, na Itália. Fez um curso de Gravação em Metal com Guido Heuer na RIDEF/ONU. Nos dois anos seguintes, Clébio Maduro foi seu professor de gravação em metal na Escola de Belas Artes da UFMG. De lá para cá, concomitantemente com sua vida acadêmica em Educação, cada vez mais foi se envolvendo com as artes. Quando retornou do seu Mestrado/UFMG-1988, frequentou de 1990 a 1993 disciplinas do então curso de Educação Artística/FURB, como aluna especial. Teve como professores: Cristina Schaeffer (Desenho Vivo e Humano), Marilena Schramm (Desenho Vivo e Estrutural) e Rosa Hernandez (Pintura Clássica e Moderna). Nesse período participou também de oficinas de pesquisa de material com Lygia Neves (1991/FURB) e mais tarde de pintura com Rosana Dominguez (2000/FCB). Nesse mesmo ano concluiu seu Doutorado/UFSM-UNICAMP e aposentou-se pela FURB, ingressando, então, como acadêmica no Curso de Artes, formando-se em Artes Plásticas no ano de 2004. Em 2005, participando da Diretoria da Bluap, fez o curso de Materiais Expressivos na Arte com Elani Paludo, na FCB. Neste mesmo ano iniciou sua terceira graduação, desta vez em Psicologia. Em 2006 e 2007 participou do Projeto Pretexto e Pretexto Contemporâneo, realização do Sesc em parceria do MAB, tendo como orientadores os críticos de arte Fernando Lindote e Charles Narloch, respectivamente.
Curadoria da mostra que abre nesta quinta-feira é de Roseli Moreira.
Queria ser a resposta do porquê a sociedade mata o que cria
A frase acima compõe uma das obras da artista e escritora Suzana Sedrez juntamente com uma foto de uma mão fechada com o dedo indicador apontado diretamente para o espectador. Usando de suas habilidades de artista plástica com a de escritora Suzana planta uma provocação na nossa mente.
O “dedo da Suzana”, como passei a referir-me à obra, me deixou cismado. Fiquei com a pulga atrás da orelha, como dizemos por aí. Quando ele, o dedo, apontou para mim será que queria arrancar de mim a resposta, ou estava me acusando de fazer parte da resposta, já que pertenço à sociedade? [...]
Paulo Roberto Bornhofen
Repórter: Marilí Martendal
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
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