Sócios descobrem que são irmãos

Amigos há três anos decidem fundar sociedade e trocam papéis que revelam o parentesco

PANAMBI - Mais importante do que qualquer retorno financeiro, a ideia de dois amigos de montar um bar em Panambi, no Noroeste do Rio Grande do Sul, já foi considerada bem sucedida antes de completar uma semana. Foi graças ao empreendimento que Tiago Pinto, 28 anos, e André Baal, 23 anos, descobriram que são irmãos.

Os dois nasceram no mesmo dia, 25 de novembro, em anos diferentes. Tiago completava cinco anos quando André nasceu no mesmo hospital, mas ele não recorda da mãe Iara, 58 anos, grávida naquela época. Alguns dias depois, André foi destinado para os pais adotivos.

Quando tinha sete anos, André recebeu uma nova certidão de nascimento, com o sobrenome Baal. Para que ele pudesse procurar pela família biológica no futuro, a mãe adotiva Eva Baal, 57 anos, fez uma cópia da certidão que foi anulada.

Tiago não sabia que tinha um irmão que fora adotado. O irmão mais velho, Rodrigo, 30 anos, viveu com ele, a mãe e o padrasto. E André, filho único dos pais adotivos, nunca pensou em procurar a família biológica. Por isso, mesmo que ambos sempre tenham morado na cidade de 36,3 mil habitantes, só se conheceram há cerca de três anos, quando passaram a trabalhar juntos em uma cooperativa.

O gosto por praticar esportes como futebol e vôlei, a paixão pelo Inter e a vontade de investir em um negócio foram algumas das afinidades que Tiago e André descobriram nas conversas durante o expediente. A ideia de abrir o Tchê Bebidas foi colocada em prática em outubro do ano passado.

Eva soube que o amigo que seria sócio do filho tinha o sobrenome Pinto e desconfiou de um parentesco entre os dois. Como lembrava do nome da mãe biológica de seu filho, levou um susto na inauguração do bar, quando lhe apresentaram Iara. Alguns dias depois, com a cópia da certidão de nascimento original de André em mãos e muito emocionada, ela entrou no quarto do filho.

– Eu estava angustiada, com medo de perder o André. Também não sabia como ele ia reagir, se não ia atrapalhar a sociedade deles. Mas eu tinha que contar – contou Eva.

Uma conversa e um abraço na madrugada selaram reencontro

Depois de saber que Tiago Pinto era seu irmão, foi a vez de André Baal ficar nervoso e emocionado. Com ajuda de um amigo, comprovou na polícia que a mãe dos dois era a mesma. Na primeira noite em que viu o amigo, sócio e, a partir de então, irmão, contou que precisavam ter uma conversa séria.

– Não tinha nem uma semana que o bar estava aberto e ele me fala em conversar sério. Eu pensei que tinha feito algo errado na nossa sociedade, que não estava trabalhando direito. Isso é uma prova de o que o destino une o que a vida separa – destacou Tiago.

Devido ao movimento intenso no bar, a conversa só ocorreu duas noites depois. Era madrugada, quando os dois ficaram durante alguns minutos dentro do estabelecimento fechado. Depois da explicação por parte de André, choro e um abraço apertado entre os dois, Tiago saiu rápido para contar a novidade para a mulher Rebeca, 32 anos.

No dia seguinte, Tiago confirmou as informações com a mãe, mas não perguntou os motivos que a fizeram destinar André para adoção. No dia 25 de novembro, pela primeira vez comemoraram o aniversário duplo.

– Descobrir que se tem um irmão, e que já era teu amigo, é algo fantástico, um sentimento sem explicação – disse André.

Repórter Pietro Rubin (zero hora), para o Jornal de Santa Catarina