quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Concessão de crédito: Ajuda demorada

Ivandro ficou cinco semanas sem produzir. Amarildo perdeu toda a fábrica. Ambos precisam de crédito.

A noite do dia 23 de novembro de 2008 jamais será esquecida pelo empresário Amarildo Ramos, que fabricava pavers e lajotas no Bairro da Velha.

– O barulho lembrava o destes pacotes de salgadinhos, quando você amassa, elevado à enésima potência. Pensei que fosse o apocalipse – conta Ramos, cuja empresa foi atingida pela lama do Ristow, que soterrou nove casas e matou cinco pessoas da vizinhança.

Um dos mortos era o filho de um funcionário da fábrica. O menino de nove anos ficou sob a lama. A mulher e a filha foram salvas, com a ajuda de Ramos. O deslizamento do morro levou um barracão e a produção estocada. Só deixou dor e prejuízos. Dos 50 funcionários que a empresa tinha antes da tragédia, restam 30.

Sem ligar uma única máquina desde novembro, Ramos procura um terreno onde possa instalar a fábrica e voltar a funcionar. Para comprar a área e construir a nova unidade, ele calcula que precisará de R$ 500 mil, dinheiro que só conseguirá com crédito rápido e barato. Aí mora o problema.

Das linhas especiais anunciadas pelo governo federal a micro e pequenas empresas, nenhum centavo chegou até agora.

– Já procurei diversas entidades, mas não encontrei nada – desabafa o microempresário.

A presidente da Associação das Micro e Pequenos Empresas de Blumenau (Ampe), Sônia Medeiros, também reclama da falta de reposta às necessidades dos empresários. De acordo com ela, as opções de crédito oferecidas até agora são as convencionais, com juros de 12% a 15% ao ano, mais TJLP e encargos. Os prazos de carência e pagamento também estão aquém do que esperam as empresas atingidas pela cheia.

– Precisamos de linhas com, no mínimo, R$ 50 mil, carência de 180 dias e prazo de 60 meses – conclui a presidente da Ampe, Sônia Medeiros.

O atraso no auxílio fez empresas fecharem as portas e ameaça as que ainda lutam contra a maré. Sem dinheiro para capital de giro ou investimentos, as empresas deixam de produzir, perdem clientes, ficam sem faturamento e aproximam-se do precipício.

De acordo com estimativas da Ampe de Blumenau, 4 mil pequenas empresas foram atingidas na cidade.

Repórter: Rodrigo Pereira, para o Jornal de Santa Catarina

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