sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Fundação Cultural: Cercada de questões

Quando assumiu a Fundação Cultural de Blumenau, no início de fevereiro, Marlene Schlindwein pediu um tempo para conhecer melhor o funcionamento da instituição. Um mês depois, não se sentiu segura para receber a reportagem do Santa sozinha.

Para responder às perguntas elaboradas, a pedido do jornal, pelo escritor Maicon Tenfen, o diretor de teatro Leandro de Assis, o músico Alexandre M., o coreógrafo Guilherme Luiz de Souza e o fotógrafo Charles Steuck, ela se cercou de quatro servidores.

Assessorada por Rolf Geske, da Ação Cultural, Sueli Petry, do Departamento Histórico Museológico, da assessora de imprensa Marili Martendal e Marlete de Borba, da Sociedade Amigos da Biblioteca, apresentou algumas novidades, como a criação do Museu do Cotidiano, no antigo Casarão dos Cristais, que começou a ser reformado esta semana.

Charles Steuck - Quais critérios serão usados para indicar a nova direção do MAB?

Marlene - Essa diretoria não existirá mais. Ela tornou-se uma gerência, foi feito um organograma novo, um enxugamento da máquina. Essa diretoria fica a cargo da Cultura. Não conseguimos mexer ainda, estamos tentando ter uma conversa com o prefeito sobre isso, pois foi aprovada na Câmara dessa forma.

Sueli - Mas, oportunamente, há estudos para ela voltar a ser uma diretoria.

Santa - Por que houve essa redução?

Marlene - Não sabemos exatamente. Quando entramos aqui, em fevereiro, essa lei já tinha passado pela Câmara, essa reforma já tinha sido feita. Tínhamos cinco diretorias, passaram para três: de cultura, financeira e de histórico e museológico.

Maicon Tenfen - Qual a política que a nova presidente vai adotar na Editora Cultura e Movimento? A editora terá a mesma produtividade de 2000, um de seus melhores anos?

Marlene - Essa área é a que estamos mais desfalcados, pois antes era uma diretoria, agora passa a ser uma gerência. Agora teremos muito cuidado de que forma fazer isso. Nós estamos fazendo um apanhado geral de tudo o que acontece na Fundação, ela é muito ampla. Mas certamente a parte da leitura, das publicações, não ficará de fora dos nossos trabalhos. Como o cargo foi extinto, agora passa a ser uma gerência dentro da diretoria da Sueli. Temos que sentar, projetar, analisar e fazer um bom projeto para dar sequência e até fazer melhorar. Agora vai ser outro caminho.

Sueli - O que não quer dizer que vai perder a qualidade. Vai continuar com conselho editorial, os recursos serão buscados, projetos iniciam em sequência, apenas perde o status de diretoria. Tudo ainda não está acontecendo como gostaríamos porque ainda está na pendência dos nomes que vão dar a continuidade.

Marlene - Mas claro que não vamos depender apenas da cabeça da pessoa que virá para cá. Ela tem uma linha, temos que seguir o regimento, temos uma lei para obedecer.

Leandro de Assis - De que forma serão mantidos festivais como o Fenatib após a tragédia, quando a prioridade é a reconstrução da cidade? Há novos projetos para o teatro?

Marlene - O Fenatib está no planejamento, vai acontecer em setembro. Uma coisa que a gente coloca: não podemos pensar na desgraça apenas como uma coisa única, temos que trabalhar paralelo. Vamos trabalhar aquele momento triste de Blumenau, mas vamos trabalhar a cultura. Você lembra do filme Titanic? Quando estava submergindo, o que fizeram de primeiro momento? Chamaram todos os músicos, tocando, tocando, tocando para as pessoas se sentirem alegres e felizes e não sentirem tanta dor. É isto que queremos, estar junto com a população. Levar a arte e a cultura em paralelo para levantar o astral dessas pessoas sofridas, para depois não ter de tomar remédio. Acho que a arte, a cultura e a música vão levantar o astral do povo, como ele merece.

Santa - A tragédia deve influenciar nas verbas da cultura?

Marlene - Acho que não. Nós vamos batalhar para que continue, no mínimo, igual a como estava.

Santa - Há outros projetos para o teatro?

Rolf - A gente pode estar buscando elementos que já fizeram parte da história da cidade, como a Mostra Blumenauense de Teatro. Como nesse momento tivemos que priorizar algumas ações, essa opção foi o Fenatib, porque trabalha os futuros consumidores da cultura. Mas não quer dizer que no segundo semestre não venhamos com a possibilidade de fazer a Mostra Blumenauense de Teatro.

Guilherme Luiz de Souza - Como ficará o Fundo Municipal este ano?

Marlene - Não temos data ainda, esperamos uma resposta do prefeito. Ele a princípio nos colocou que manterá o valor do ano passado, R$ 300 mil. Essa garantia ele nos colocou, que manterá. Mas vamos tentar, claro, conseguir mais.

Santa - Havia uma promessa, no ano passado, de aumentar esse valor do fundo.

Marlene - Agora estamos em outra realidade, que a catástrofe nos colocou. Não sei se vai haver aumento, mas estamos batalhando. Pelo menos garantindo os R$ 300 mil já estamos no ganho.

Alexandre M. - Há previsão de projetos de incentivo para que bandas locais façam shows em Blumenau e em outras cidades?

Marlene - É outra diretoria que ainda não temos a pessoa para trabalhar o projeto. Mas teremos todos os projetos colocados, né, Rolf? Não deixaremos de fazer nada que está em nosso alcance.

Rolf - Já vinha acontecendo o Circo Acústico, que é um evento que consegue ir ao encontro da classe musical, promovendo a oportunidade mensal de se apresentar. É um dos programas que certamente a Marlene continua.

Santa - Já tem data a primeira edição?

Marlene - Para abril temos alguma coisa. Como está tudo meio desfalcado em nossas diretorias, estamos em stand by. O que estava agendado o pessoal está fazendo.

Santa - Há incentivo para esses grupos se apresentarem em outras cidades?

Marlene - Possibilidade sempre há. Temos é que sentar e conversar. Por isso, estamos ouvindo todas as classes e colocando pedidos no papel.

Rolf - A Fundação, teoricamente, teria que ter outras visões. O Fundo Municipal proporciona à nossa classe artística a oportunidade, em paralelo aos trabalhos da Fundação, de mostrar o trabalho em outras cidades do Estado. A classe artística precisa ficar atenta aos prazos.

Repórter Wania Bittencourt, no Jornal de Santa Catarina

1 comentário

Anônimo disse...

Márcio
Bela e oportuna sua postagem sobre nossa Cultura. O Santa esteve presente forte e atuante nesses questionamentos. Eu aqui me coloco com uma das pessoas que muito e continua contribuindo com nossa cultura de nossa cidade, mas quão difícil é fazer este trabalho, por vários motivos: desprezo e falta de atenção de nossos governantes, interesses políticos e de alguns segmentos da sociedade, e justifico. Durante anos venho elaborando um livro para aprovação, com o tema O Vale do Garcia – aprovado em 07 de agosto de 2005 pela fundação cultural de Blumenau. Anteriormente ficou sendo enrolado durante oito anos. Portanto quando aprovado, me submeteram as discussões sobre o AGG – Ambulatório Geral, e eu preferi ficar ao lado deste que é o hoje a maior referencia da América Latina, e retirei a publicação por motivos óbvios. Sucesso a nova direção da FCB -
Adalberto Day cientista social em Blumenau – acessem meu blog e entenderam meu comentário. www.adalbertoday@blogspot.com

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