Paula Oliveira - Foto: reprodução/album de familia.
Ataque ocorreu na última segunda-feira próximo a Zurique. Brasileira afirmou ter abortado de gêmeos após o ataque.
A polícia da Suíça disse nesta sexta-feira (13) que Paula Oliveira, a mulher que teria abortado após ter sido atacada por neonazistas na última segunda-feira , não estava grávida no momento da agressão.
A polícia cita exames do Instituto de Medicina Legal e do Hospital Universitário de Zurique.
O comunicado da polícia também informa que ainda não está claro se os ferimentos no corpo da brasileira, de 26 anos, foram infligidos pelos agressores ou por ela mesma.
O G1 tentou confirmar a informação sobre a gravidez com Paulo Oliveira, pai de Paula, mas ele disse que, no momento, não poderia falar.
A polícia também informou que continua ouvindo testemunhas e que a investigação do caso ainda deve levar alguns dias.
Paula, bacharel em direito que vive e trabalha legalmente há dois anos na Suíça, afirmou ter sido atacada na segunda-feira por três homens com aparência neonazista, um deles com uma suástica tatuada em sua testa, próximo a uma estação de trem, quando voltava para casa, na cidade de Dubendorf.
Polícia pediu desculpas
Mais cedo, O pai da brasileira disse ao "Bom Dia Brasil" que duas agentes da polícia feminina da Suíça estiveram no Hospital Universitário de Zurique, onde Paula Oliveira se recupera. Elas teriam ido pedir desculpas formais à jovem.
A advogada Paula Oliveira disse ter sido agredida por três homens brancos, com cabelo raspados, na noite de segunda-feira. Grávida de gêmeos havia três meses, ela acabou perdendo as crianças e sofreu cortes em todas as partes do corpo, segundo a sua versão.
De acordo com o pai de Paula, as agentes reconheceram que o tratamento da polícia não foi adequado. Elas teriam dito que a vítima não deveria ter sido ouvida por homens.
Diante disso, Paulo Oliveira disse que vai "dar um tempo" para que a polícia apresente resultados. Ele insiste que não quer vingança. Quer apenas justiça.
'Não podemos aceitar'
Autoridades brasileiras estão cobrando explicações da Embaixada da Suíça e mais empenho da polícia daquele país. Para autoridades em Brasília, há evidências de xenofobia, preconceito e intolerância contra a brasileira.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pediu ao governo da Suíça transparência nas investigações e rigor na punição dos agressores. O presidente Lula reagiu indignado à agressão à brasileira. “O que nós queremos é que eles respeitem os brasileiros lá fora como nós os respeitamos aqui e como nós os tratamos bem aqui. Acho que não podemos aceitar e não podemos ficar calados diante de tamanha violência contra uma brasileira no exterior”, afirmou.
O encarregado de negócios da Embaixada da Suíça foi chamado para uma conversa no Itamaraty. Claude Krotaz lamentou a violência. Disse que o caso será investigado com rapidez e rigor. “Se, de fato, houve uma agressão de natureza xenofóbica, esse é um agravante que tem que ser levado em conta e investigado em profundidade. Não há a menor dúvida de que é um caso chocante”, declarou o ministro.
“Investigação rigorosa, punição exemplar para esse crime que é gravíssimo, porque tem conotação de crime neonazista que traz de volta toda a temática dos direitos humanos, o horror do holocausto da discriminação do preconceito. Não pode haver tolerância com esses intolerantes”, disse o secretário dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi.
Em nota, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara afirmou que a violência é uma afronta aos direitos humanos e que a Suíça deve respostas contra a intolerância.
Brasileiros que moram na Suíça reclamam da violência contra estrangeiros e estão organizando uma passeata para pressionar as autoridades a identificar e punir os homens que espancaram a brasileira Paula Oliveira.
“Nós sabemos que essa atitude está dentro de uma onda de xenofobia que hoje atinge toda a Europa por conta da política migratória, que é cada vez mais hostil a quem vem de fora”, afirmou o deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB), presidente da Comissão de Relações Exteriores.
“É um sintoma que precisa de uma reação muito forte, e os brasileiros têm sofrido com isso. A própria lei da imigração endureceu com o Brasil e é preciso que demonstremos que somos iguais e os iguais merecem respeito”, comentou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto.
O governo brasileiro aguarda mais explicações da polícia suíça ainda nesta sexta. As críticas ao tratamento dado a Paula Oliveira pelas autoridades em Zurique podem levar o Brasil ao Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Fonte: G1
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Polêmica: Brasileira agredida por neonazistas não estava grávida, diz polícia da Suíça
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