domingo, 29 de março de 2009

Encontrado no Arquivo Histórico o 1o.Stammtisch de Blumenau

O próximo encontro de Stammtisch em Blumenau, ocorre no próximo 25 de Abril. Para maiores informações, clique AQUI!

Foto: Miriam Mesquita - A foto foi tirada do pátio da Catedral de Blumenau, e você pode visualizar as centenas de barraquinhas que são armadas por cada um dos grupos de stammtisch, em plena rua XV de Novembro.

Mas, o que é Stammtisch?

O termo stammtisch é formado da junção das palavras stamm, que significa tronco e tisch, que significa mesa. Ou seja, numa tradução fiel "mesa de tronco".

O dicionário Michaelis (alemão/ português), acrescenta dois outros aspectos que procuram explicar o significado do termo: "Stammtisch, mesa cativa de grupo de frequentadores". Desta forma, define um local pré-determinado (mesa cativa) e incorpora, a este local, a presença de um grupo de frequentadores habituais.

Entretanto, além dos aspectos pré-determinantes que envolvem o sentido do termo, para entendê-lo é preciso trazer à luz o espírito reinante neste ambiente. Não é outra a intenção demonstrada numa jocosa definição contida em uma placa pirografada afixada num espaço existente para a reunião destes grupos na Cervejaria Hofbräuhaus, em Munique.

A este respeito, por ocasião da comemoração dos 400 anos desta cervejaria, em 1989, o apresentador do programa especial rodado pela TV alemã ZDF assim traduziu a salada de letras contida nesta placa: "Stammtisch é: Um determinado local, uma determinada mesa, num determinado canto, onde em determinados dias, umas determinadas pessoas, num determinado horário, tomam assento em determinadas cadeiras. Ali, com uma determinada quantidade de uma determinada bebida, falam sobre alguns determinados temas, e então numa determinada hora, com um determinado porre, determinam ir para casa onde uma determinada pessoa espera, com certeza, com um determinado protesto".

E conclui o apresentador da ZDF: "Isto está determinadamente certo".

Uma versão mais romântica do que significa stammtisch, passada geração após geração pela tradição oral, conta que o termo começou a ser usado na Idade Média. Os lenhadores bávaros, ao cortar a primeira árvore de uma nova área de extração de madeiras, faziam-no à altura de uma mesa e, de seus galhos mais grossos, cortavam toletes que lhes serviriam de bancos. Era ao redor desta mesa improvisada que faziam suas refeições e, ao final do trabalho diário, ali se reuniam para bater papo, planejar o dia seguinte e bebericar do vinho que traziam em seus alforjes. O seu tronco comum (stamm), era a sua própria profissão ou atividade (lenhadores) e o espírito reinante ao final de cada jornada de trabalho, ao redor daquela improvisada mesa (tisch), forjada no tronco da árvore, não era outro que relaxar, jogar conversas ao léu, cultivar a amizade, celebrar a vida.

Segundo esta versão, o hábito daqueles lenhadores ganhou as tabernas, nas cidades, e nestes ambientes, teria se perpetuado o nome stammtisch para todos aqueles que, habitualmente, as freqüentavam e costumavam, na companhia de amigos, sentar-se numa mesma mesa previamente reservada ou que lhes era cativa. Mais tarde, o nome acabou identificando aqueles que, além da amizade, detinham outros aspectos comuns, o mesmo local de trabalho, uma determinada atividade cultural, social ou política, etecetera (mesmo tronco, mesmas raízes), que justificasse o fato de se encontrarem, ao redor de uma mesma mesa, uma mesa cativa.

Foi ali, no ambiente das tabernas que os grupos se deixaram envolver por outra bebida além do vinho, a cerveja, na maioria dos casos, como ainda hoje, era produzida nestes próprios estabelecimentos ou na cidade aonde se localizavam.

Certa, errada ou meramente especulativa, esta versão é a que, sem sombra de dúvida, mais se encaixa com o jeito de ser dos stammtische espalhados pela Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca e em outros países sob influência tedesca, bem como aqui no Brasil, nas cidades colonizadas por descendentes destes países. Luiz Eduardo Caminha, no site www.stmt.com.br

Klugschnackertisch (Mesa dos Sabe-Tudo) teria sido o primeiro Stammtisch de Blumenau?

Pesquisando na “sua casa”, o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, a historiadora Sueli Petry encontrou uma foto desta turma que se não foi o primeiro é, sem dúvida, o mais antigo Stammtisch de Blumenau que se tem notícias.

Eles eram, todos, sócios da “Schützengesellschaftverein Blumenau” (hoje Tabajara Tênis Clube) e reuniam-se para um “bate-papo” cotidiano na própria Sociedade de Tiro.
A curiosidade maior é que, por este grupo, passavam todas as histórias e estórias da cidade. Uma espécie de Senadinho dos tempos atuais. Só não comiam nem faziam “pizza”, certamente.

Ali eram discutidos os destinos da cidade e região. Política, economia, indústria, comércio, sociedade, entre outros, eram seus pratos preferidos sempre acompanhados (dá prá notar na foto) de uma gostosa cerveja aqui mesmo produzida.

A “fofoca” era também um prato dos papos freqüentes, tanto é assim que muitos os chamavam de “mesa dos fofoqueiros”.

Outra curiosidade é que o grupo fazia questão de trazer, para suas reuniões, qualquer pessoa importante que passasse pela cidade. Políticos, portanto, eram os que não faltavam quando aqui estavam presentes.

A foto data do final do Século XIX e, arriscando-se, Sueli calcula que venha a ser, provavelmente, de 1889 a 1890.



Da Esquerda para Direita:

Hermann Hering, Bruno Hering, Heinrich Brandes, Wilhelm Scheefer, Emílio Odebrecht, Bernhard Scheidemantel, Franz Lungerhausen, Friederich Blohm, Paulo Schwartzer. Lehrer, G. Arthur Koehler, Gustavo Salinger e dois convidados.

Blumenau, entre 1889 e 1890. Ao fundo Sede da “Schützengesellschaftverein Blumenau” (hoje Tabajara Tênis Clube).

Fonte: www.stmt.com.br

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3 comentários

ivandro disse...

Estou comentando aqui pela 1 vez por que gostei do blog e gosto da cidade de blumenal e isso e o que importa.

Anônimo disse...

Márcio, parabéns por brindar a todos com esta aula sobre o Stammtisch. Sou a favor da preservação das tradições dos nossos antepassados. Apenas gostaria de comentar que alguns grupos de Stammtisch, cheguei a participar de um, se desviaram um pouco da tradição quase que obrigando os membros a participarem das reuniões semanis cobrando multa de quem faltar. Na minha opinião a participação deve ser voluntária pois era que funcionava no passado.
Abraços e parabéns pela matéria.

Anônimo disse...

marcio- eu gosto de blumenau mais acho nao gosto de festar populares por causa do consumo alcoolico. embora eu beba sou a favor da lei seca permanente e a proibiçao das bebidas alcoolicas em definitavo. onde tem alemao reunido tem cervejas..um detalhe - moro numa colonia alema...aço que açoriano aqui sou somente eu e a galera so fala em pemerano...abraços

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